quinta-feira, 1 de abril de 2021

Diferenças entre os socialistas e os comunistas, por Engels

Estou postando a pergunta e reposta nº 24, da obra Princípios do Comunismo de Engels só para que notem que o Comunismo não é Socialismo. Eu defendo, em parte, o Socialismo e o Liberalismo, mas como socialista não defendo o comunismo, e como liberal não defendo o capitalismo. Pelo texto, aproximo-me mais da terceira classe de socialistas, os socialistas democráticos, mas não sou um social-democrata.

Lendo o texto, tive a impressão de que se trata, o Comunismo, de uma doutrina espírita, como se algum espírito, ou djinn/gênio, mestre ascensionado, alienígena/extraterrestre, demônio, estivesse profetizando o futuro e o caminho a ser tomado. Pois, não se trata de uma argumentação lógica, mas de uma assertividade revelada. Não é atoa que o Comunismo é visto por muitos como uma religião, uma seita. Segue o seco, digo, o texto:


Karl Marx, Friedrich Engels, Vladimir"Lenin" e Josef Stalin — gettyimages

Princípios do Comunismo

Friedrich Engels

[...]

24.ª P[ergunta]: Como se diferenciam os comunistas dos socialistas?

R[esposta]: Os chamados socialistas dividem-se em três classes.

A primeira classe consiste nos partidários da sociedade feudal e patriarcal que foi aniquilada, e que continua ainda a ser diariamente aniquilada, pela grande indústria, pelo comércio mundial e pela sociedade burguesa por ambos criada. Esta classe tira dos males da sociedade actual a conclusão de que a sociedade feudal e patriarcal teria de ser restabelecida, porque estava livre destes males. Todas as suas propostas se dirigem, por caminhos direitos ou tortuosos, para este objectivo. Esta classe de socialistas reaccionários, apesar da sua pretensa compaixão e das suas lágrimas ardentes pela miséria do proletariado, será, todavia, contínua e energicamente combatida pelos comunistas, porque:

  1. se esforça por atingir algo de puramente impossível;
  2. procura restabelecer o domínio da aristocracia, dos mestres das corporações e dos proprietários de manufacturas, com o seu cortejo de reis absolutos ou feudais, de funcionários, de soldados e de padres, uma sociedade que, por certo, estava livre dos males da sociedade actual, mas que, em contrapartida, trazia consigo, pelo menos, outros tantos males e não oferecia a perspectiva de libertação dos operários oprimidos por meio de uma organização comunista;
  3. ela mostra os seus verdadeiros desígnios quando o proletariado se torna revolucionário e comunista, aliando-se então imediatamente com a burguesia contra os proletários.

A segunda classe consiste nos partidários da sociedade actual aos quais os males dela necessariamente decorrentes provocaram apreensões quanto à subsistência desta sociedade. Eles procuram, por conseguinte, conservar a sociedade actual, mas eliminar os males que a ela estão ligados. Com este objectivo, propõem, uns, simples medidas de beneficência, outros, grandiosos sistemas de reformas que, sob o pretexto de reorganizarem a sociedade, querem conservar as bases da sociedade actual e, com elas, a sociedade actual. Estes socialistas burgueses terão igualmente de ser combatidos constantemente pelos comunistas, uma vez que eles trabalham para os inimigos dos comunistas e defendem a sociedade que os comunistas querem precisamente derrubar.

A terceira classe consiste, finalmente, nos socialistas democráticos que, pela mesma via que os comunistas, querem uma parte das medidas indicadas na pergunta [18]; porém, não como meio de transição para o comunismo, mas como medidas que são suficientes para abolir a miséria e fazer desaparecer os males da sociedade actual. Estes socialistas democráticos ou são proletários que ainda não estão suficientemente esclarecidos acerca das condições da libertação da sua classe; ou são representantes dos pequenos burgueses, uma classe que, até à conquista da democracia e das medidas socialistas dela decorrentes, sob muitos aspectos tem os mesmos interesses que os proletários. Por isso, os comunistas entender-se-ão, nos momentos de acção, com esses socialistas democráticos e em geral terão de seguir com eles, de momento, uma política o mais possível comum, desde que esses socialistas não se ponham ao serviço da burguesia dominante e não ataquem os comunistas. É claro que este modo de acção comum não exclui a discussão das divergências com eles.

0 comentários:

Postar um comentário